A vigília.

3 de março de 2014

Bem, a tal vigília então...
Sexta a meio do dia recebemos a triste notícia de que a senhora que tratava da nossa igreja e coisas relacionadas tinha sucumbido ao cancro e falecido..
Ela deixou uma lista com os pedidos, o que queria que fizessem quando ela falecesse.
Ela sempre disse que não queria ir para a capela mortuária, e não foi.
Disse que queria o gj, os acólitos e os escuteiros na vigília, nomeadamente o gj e os acólitos juntos.
Disse que queria que o gj cantasse na vigília e que a tuna cantasse no funeral.
Disse que queria que deixassem que a sobrinha deixasse uma rosa no seu caixão para que fosse com ela, infelizmente este pedido não foi realizado...
Então sexta tivemos uma palestra no salão do patronato sobre Maria, e depois fomos para a vigília.
O padre que rezou foi quem ela pediu e tudo.
O caixão estava aberto, ela estava virada para o altar, o gj e os acólitos ficaram nas escadas do altar, ou seja, de frente para ela, a cantar para ela.
Junto à entrada estava uma lista com as tais coisas que ela pediu.
Um pouco atrás do caixão estavam as coroas de flores, à volta do caixão estavam os ramos.
E como a senhora era pequenina, aos pés dela estavam rosas, muitas rosas tipo a decorar. Em cima das rosas estava a camisola dos acólitos (pelo que o meu pai me disse no funeral já estavam 5 camisolas lá em cima, a do gj, a dos acólitos, a dos escuteiros, a da pastoral e não me estou a lembrar qual seria a outra)
Nós cantamos músicas lindas, as que mais me tocam do grupo, não chorei praticamente até o fim, a última música que cantamos foi a "Ninguém te ama como eu", no momento em que passamos da estrofe para o refrão, de mais ênfase digamos, a irmã da senhora, agarrou-se a ela, deu-lhe beijinhos e começou a cantar o refrão ao ouvido dela.
Eu já estou a chorar ao escrever isto.
As raparigas ficaram completamente sem palavras, a gente ficou entalada de tal maneira que não cantávamos, só se ouvia os homens, e e...
A minha tia foi, ela disse que a minha voz se destacava e que nessa música não me ouviu...
Assim como não ouviu o L. durante toda a vigília... Isso eu reparei, o rapaz costuma cantar, e muito, e ouve-se ao longe e tocar viola, ele naquele dia só tocou...
Eu não fui ao funeral (fui tirar o holter), mas quem foi às duas coisas diz que o funeral foi lindo também, mas que a vigília superou...
A minha prima disse que chorou muito no pai nosso, porque essa música da tuna é muito linda.
E que chorou muito quando o caixão estava a ser enterrado, e os escuteiros cantaram uma música da mãe, foi o L. que tocou e cantou, e a minha prima diz que só o ouviu a cantar aí...
E agora vou dizer-vos o porquê de me ter tocado e ter sido marcante...
Porque foi a primeira vez que eu vi uma pessoa, já morta, num caixão.Não, não me fez impressão nenhuma, apesar de a senhora ter sofrido de cancro e de estar inchada, não estava com uma imagem assim tão degradada.
Ver aquela senhora com uma vela roxa acesa no seu caixão fez-me, pela primeira vez, "acordar", cair em mim, perceber que aquela mulher que ali estava, estava morta... Fez-me perceber que a morte é algo que acontece mesmo, mais cedo ou mais tarde... E não há nada que se possa fazer para se evitar...
Caí em mim que querem?
Já para não falar nas circunstâncias em que a senhora morreu, e o facto de a sobrinha estar sempre a chorar me fazer lembrar eu há 3 anos e tal atrás...

1 comentário:

  1. Eu adorava ter ido á vigília mas não pode ir por causa dos Bombeiros.
    Mas as vezes faz bem vivenciar assim momentos para vermos a vida de outra forma, e as vezes não é mau viver essas situações ajuda a perceber que a vida é curta e que mesmo com todas as coisas más temos que viver o melhor que ela tem sem medos pois não sabemos o dia de amanha.

    ResponderEliminar